Moda Roupas
Moda
Moda, comportamento de uma dada época histórica. É um sinônimo de "costume". A palavra provém do termo latino modus,[1] através do francês mode. Em sentido estrito, porém, "moda" costuma se referir especificamente aos diversos estilos de vestuário que prevalecem numa dada sociedade numa dada época histórica.[2]
Para criar estilo, os figurinistas utilizam-se de cinco elementos básicos: a cor, a silhueta, o caimento, a textura e a harmonia.
A moda é abordada como um fenômeno sociocultural que expressa os valores da sociedade - usos, hábitos e costumes - em um determinado momento. Já o estilismo e o design são elementos integrantes do conceito moda, cada qual com os seus papéis bem definidos.
A moda é um sistema que acompanha o vestuário e o tempo, que integra o simples uso das roupas no dia a dia a um contexto maior, político, social, sociológico. Pode-se ver a moda naquilo que se escolhe de manhã para vestir, no look de um punk, de um esqueitista e de um pop star, nas passarelas. A cada dia que passa, o mundo da moda vem se superando e surpreendendo as pessoas, com cores vivas, tendências novas, cortes inusitados e inovadores. A moda proporciona, aos que a seguem, uma inspiração sempre inovadora e ousada.
Convém ressaltar que, deixando de lado a tendência etnocêntrica, a qual ainda hoje é preponderante, devemos ter clareza de que a moda, enquanto fenômeno, só se tornou "universal" em meados do século XIX, com o advento da crinolina. Até então, cada povo possuía sua própria maneira de se vestir e ornamentar, de maneira que conviviam diversas manifestações e estilos numa mesma época.
Mesmo hoje no tempo em que vivemos, na fase da globalização, não se pode esquecer que o mundo muçulmano se constitui num universo à parte, onde a burca e o chador ainda são amplamente utilizados, e que populações inteiras, como a maior parte da Índia e as comunidades indígenas, bosquímanas e aborígenes australianas, por exemplo, estão apartadas da dita moda mundial.
A moda na Idade Média
No início da Idade Média, isto é, na Alta Idade Média, as invasões bárbaras levaram ao isolamento e à vida nos feudos, desagregando as cidades e praticamente extinguindo o comércio em toda a Europa.
Dentro destas condições, as vestimentas passaram a ser produzidas artesanalmente, com fibras naturais e em cores cruas, tornando-se raras e exclusivas, apesar de extremamente básicas. A forma se assemelhava às bizantinas e a elite, formada pelos guerreiros e sacerdotes, se distinguia dos camponeses também através da vestimenta, a qual era colorida (normalmente vermelho ou verde). As roupas eram confecionadas em casa, evoluindo das túnicas merovíngias (de comprimento até a altura dos joelhos, bordadas nas pontas e amarradas por cintos) até as ricas vestes da época carolíngia, com enfeites de brocado.
Com o passar do tempo, os camponeses começaram a tingir tecidos em tom azul, pois este é facilmente conseguido através da ureia.
A partir do século X, com o final das invasões e o renascimento comercial e urbano, houve a formação das corporações de ofício, dentre elas as dos tecelões e dos tintureiros, criando uma maior variedade, ou seja aumentando a quantidade e a qualidade das roupas.
Com o desenvolvimento das cidades e a reorganização da vida das cortes, a aproximação das pessoas na área urbana levou ao desejo de imitar. Enriquecidos pelo comércio, os burgueses passaram a copiar as roupas dos nobres. Ao tentarem variar suas roupas, para diferenciar-se dos burgueses, os nobres inventavam algo novo e assim por diante.
Em termos de indumentária, também podemos falar do românico e do gótico enquanto estilos válidos.
Enquanto a Europa Ocidental variou as formas de vestuário, como vimos, em contrapartida, a cultura oriental bizantina se manteve atrelada ao seu próprio estilo.
Com o Renascimento, existe a tentativa de copiar os trajes romanos da época imperial mas, devido às contingências impostas pela época, o que as guildas acabam por fazer é uma releitura da indumentária clássica, adaptando-a à moral cristã então vigente, ao clima (sensivelmente mais frio do que havia sido na época romana[6]) e aos recursos materiais e técnicos de que então se dispunha.
Os camponeses, alheios à moda e aos modismos, continuaram a se vestir mais ou menos da mesma forma até meados do século XIX.
A moda na Idade Moderna
A Idade Moderna é a época que vai do século XV ao XVIII. É a chamada "Época das Grandes Navegações", período em que a América foi descoberta e a noção de um mundo em forma de quadrado do Medievo foi abandonada...
No início da Idade Moderna, há uma preferência nas cortes europeias pelo vermelho, as roupas mais refinadas levavam esta cor. O metódo de tingimento utilizava o pau-brasil, extraído em larga escala no Brasil para atender a este modismo. Podemos citar A Rainha Margot, filme francês de 1994, com Isabelle Adjani no papel título, dirigida por Patrice Chéreau: logo na primeira cena (o casamento de Margot com Henrique de Bourbon, interpretado por Daniel Auteuil) Margot está usando um modelo maravilhoso, vermelho, de cetim, com uma gola alta e larga de renda a lhe emoldurar o rosto; sua mãe, Catarina de Médicis (vivida por Virna Lisi), também usa um modelo suntuoso, ao qual não falta nem mesmo o véu. Durante o filme, vemos desfilar brocados (como no modelo magnífico, que ela usa para ir às ruas, travestida em prostituta), rendas e sedas, em modelos ora com ousados decotes, ora com golas altas, inspiradas nos retratos de Rubens, Rembrandt, Velásquez e Frans Hals.
As mulheres normalmente usavam corpetes ditos de madeira, mas era revestido em somente uma parte. E os saiotes com estruturas de ferro.
Ambientando na mesma fase histórica (época da chamada Revolução na Cristandade), Elizabeth, filme inglês de 1998, também traz vários exemplares retirados das imagens deixadas pelos grandes mestres da pintura da época, apenas que, por ser britânico, faz alusões também a Hans Holbein, pintor oficial da corte de Henrique VIII, pai de Elizabeth. São vestidos em tecidos "encorpados" e brilhantes, em tons de vermelho,amarelo e verde, com o chamado ventre de corsa: o corpete acabando em bico na parte dianteira e a saia se abrindo volumosa para os lados. Os homens usam as calças curtas (na altura dos joelhos) e bufantes e uma espécie de "enchimento" para realçar a genitália (moda lançada na época de Henrique VIII, o qual gostaria de passar à posteridade como um rei viril). O figurino e os cenários da cena de coroação foram inspirados em uma pintura da coroação da verdadeira rainha Elizabeth I.[7]
Também recorrendo à obra de um grande mestre do período (desta vez Vermeer) foi lançado em 2003, pelo Reino Unido e Luxemburgo, Moça com Brinco de Pérola. Desta vez, vemos não apenas as roupagens suntuosas dos aristocratas e o interior dos palácios, mas também burgueses (que se vestem com roupas que afetam a forma geral dos trajes aristocráticos, mas são feitos com material de qualidade inferior) e pessoas do povo (alheios à moda, vestindo-se ainda como na época medieval).
No final da Idade Moderna, temos um grande personagem histórico que marca a moda: Luís XIV. Sua contribuição se dá basicamente pelo uso de salto alto, algo inovador. Nesta época também é notável a presença de perucas, babados, o estilo rococó aliado ao vestuário.[8]
Revivendo o luxo, o requinte e o glamour de Versailles, os Estados Unidos lançaram, em 2006, o filme Maria Antonieta. Trata-se de uma alegada "biografia mais humanizada" da última rainha da França no Antigo Regime. Este filme é interessante de ser citado pois a Idade Moderna se encerra oficialmente com a Revolução Francesa de 1789, em virtude da qual Maria Antonieta perde a cabeça na guilhotina. Antes porém que sua real cabecinha vá parar em um cesto, ela desfila vários penteados extremamente altos (que a cultura lusitana costuma apelidar de ninhos de ratos), joias e vestidos, em geral estampados, em seda ou brocado.
A partir do século XVIII, com a chamada Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra, a Moda deixa o seu caráter artístico/artesanal de lado e passa a ser também inserida na rede engendrada pelo Mercado.
A moda no século XIX
O século se inicia com a emulação do Império Romano por parte da corte de Napoleão Bonaparte, o qual se faz inclusive coroar Imperador pelo papa Pio VII em 1805. Dentro do clima generalizado de revival, a moda desempenha o seu papel ao livrar as mulheres, de uma só vez, dos espartilhos, anáguas, armações para saias e anquinhas: era o "Estilo Império".
Com a derrota definitiva de Napoleão, o Congresso de Viena e as várias restaurações monárquicas dele advindas, há um anseio pela "volta à ordem" e a década de 1830 adotará um perfil mais romântico, com saias mais amplas e grandes mangas bufantes, embora o comprimento das saias ainda fosse ligeiramente mais curto.
Na década seguinte, a tendência romântica se consagra e a silhueta feminina vai afetando a forma de um sino, ou uma flor invertida, o foi consagrado com o advento da crinolina.
As crinolinas marcam o momento em que surge a indústria da moda propriamente dita, sendo este o primeiro modismo que poderíamos chamar de "universal": foram usadas de 1852 a 1870, em lugares tão diversos quanto a Nova Zelândia (assistam ao clássico filme O piano e vejam a protagonista fazer uma tenda com a sua anágua crinolina, sob a qual pernoitam ela e a filha) e o Brasil (assistam Mauá - O Imperador e o Rei e vejam May, interpretada por Malu Mader, entreter-se em girar a sua crinolina), a França e o México, os Estados Unidos (basta assistir ao clássico E o vento levou e ver o quanto as crinolinas marcam o estilo do sul dos Estados Unidos) e as colônias europeias da África e Ásia, conforme retratadas no clássico O rei e eu por exemplo.
Podemos aludir a uma anedota, que Gilda de Mello e Souza[9] alude apenas por alto, que explica o surgimento das crinolinas e demonstra a ligação destas com a indústria: Napoleão III, sobrinho de Napoleão Bonaparte, governou a França de 1848 a 1852 como presidente da República e de 1852 a 1870 como imperador. Ele era casado com a belíssima nobre espanhola Eugênia de Montijo, mulher de sangue quente e que detestava o desconforto produzido pelas 9 anáguas engomadas que eram usadas para armar as saias na corte.
Havia uma fábrica de espetos, em processo de falência, chamada Peugeot. Um belo dia de julho de 1854, a fábrica recebeu a ilustre visita da imperatriz que lhes trouxe um desenho seu de uma espécie de gaiola feita de finíssimos aros de arame de aço e que, desde então, tornaria a indumentária feminina muito mais leve e mais arejada, a crinolina.
A Peugeot foi salva da falência (após 1870, ela passou a produzir guarda-chuvas, depois bicicletas até chegar aos automóveis), a França tornou-se líder mundial incontestada no universo da moda e o nome da bela Eugênia passou a estar associado, para todo o sempre, às maisons de alta costura.
Em 1870, com a derrota de Luís Napoleão Bonaparte (Napoleão III) na Guerra Franco-Prussiana, a Terceira República Francesa adota o estilo "princesa" e, a partir de 1880, vemos se repetirem, até o final do século, tendências e estilos esboçados em momentos anteriores. as crinolinas caíram em descrédito, sendo substituídas pelas tournures ("anquinhas") que armavam apenas a parte traseira das saias e vestidos. Estas, foram usadas até o final da década de 1880.
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